09/11/09

a carta.

Cada vez que olho para a parede do meu quarto lembro-me de ti.
Aquele 6 de Setembro está bem marcado na minha cabeça, foi o último dia que olhei para ti. Foi contigo que assisti a um dos concertos que mais me marcou. Agarraste-me com segurança quando soou o ‘Someone That Cannot Love’ para eu não desatar a chorar, que nem uma madalena arrependida, e tentaste acompanhar os meus compassos na ‘Silent Void’, duas das minhas musicas preferidas; no fim ainda disseste que afinal até gostavas de David Fonseca, olhei para ti com cara de parva, como é óbvio, nunca pensei ouvir uma coisa dessas vinda de ti. Para quem a musica portuguesa dizia muito pouco, ouvir aquilo era-me um tanto estranho, mas bom. Era sinal que te consegui passar um bocadinho de mim.

No outro dia a minha mãe perguntou-me por ti. Queria saber como é que estavas, como é que iam os teus avançados estudos. Confesso que fiquei bastante surpreendida, não é normal ela lembrar-se assim dos meus amigos, sim, ás vezes, ela tem memoria de peixinho. A minha resposta não lhe agradou, um simples ‘ah agora não temos falado não temos tempo’ não a convenceu muito, começou a fazer ainda mais perguntas, cada vez mais pertinentes, ás quais eu não tinha resposta. Acho que gostou de ti, viu-te como um ‘bom caminho’, como me disse quando chegámos a casa.

O teu ar de ‘’menininho’’ engana muita gente. Ainda me lembro que me disseste quanto te chamei menininho pela primeira vez…
Há muito tempo que não falo contigo, não sei porque. Ou talvez saiba… quando finalmente te disse o que é que me ia na cabeça já era tarde, seguir em frente sempre foi um dos teus lemas e levaste a tua palavra avante, fizeste o que era melhor para ti, e acho bem que o tenhas feito; acima de tudo pensar em nós próprios é fundamental, porque a verdade é que mais ninguém pensa.
Tenho a sensação que não me soube expressar antes como deve de ser, podia ter-te explicado as coisas de outra forma. O facto de ter um bocado de receio das ordens que me poderiam dar; um sim ou um não, esse que é sempre garantido, e do qual eu já estou sempre a espera, de certa forma magoaram-te. Magoaram-te por tudo o que disse, por tudo o que disseste, e por tudo o que ainda ficou por dizer ou fazer. Apenas pedi compreensão; não sei se a tive, ou sequer se a terei um dia da tua parte…
Hoje continuo a ter saudades tuas; continuo a pensar em todos os longos e escassos minutos que passei contigo; continuo a sorrir da mesma forma cada vez que penso nas nossas conversas e nos nossos passeios; continuo a ouvir as musicas que ouves; continuo a passear-me pelas fotografias que dizias estarem sempre bonitas e que eu nunca gostei, não as apago do computador porque me fazem lembrar de ti. E esquecer é coisa que eu não gosto de fazer, dá-me preguiça de apagar do meu disco rígido tudo o que é característico de ti, ou de outras pessoas, é indiferente. Se as coisas aconteceram por alguma razão foi.

Ainda tenho aqui o teu livro, está guardado religiosamente, não te preocupes.
Todos os dias penso na forma como te vou devolver aquela pequena grande maravilha de cento e poucas páginas. ‘Vou levar o livro para minha casa quando me for embora, assim quando o devolver é uma boa desculpa para te ver outra vez’, dizia eu, tu rias-te e davas-me razão, depois olhavas para mim e davas-me tudo o que eu queria, sabias ler os meus pensamentos, melhor ainda, sabias ler o meu olhar!
Agora tudo o que anda em formato ‘ping pong’ na minha cabeça é se um dia te vou voltar a ver. Sim, sou um tanto… muito… paranóica. Vá paranóica é um bocado drástico, insegura, sim, esta pode ser a palavra que melhor me descreve depois disto tudo.

Certeza das certezas mais absolutas e verdadeiras; hoje que te escrevo isto ao som da ‘Someone That Cannot Love’ em modo repeat no media player, ou daqui a 20 anos, quando decididamente ouvir a mesma musica, sem saber ainda como a vou interpretar:
a ‘entrada da sereia’ será sempre especial.

4 comentários:

Anónimo disse...

que bonito :$
esses "amores" são tudo na vida de alguém. e são com eles que crescemos...
um beijo querida

M. disse...

Aquees click's que ao principio se estranham depois, ao fim de uns tempos, é que percebemos o quão entrahados estão.
Isto foi apenas um desabafo, eu estive em duvida se punha isto aqui ou não, não queria de certa forma criar novas consequencias. Mas como até está qualquer coisita, olha pus. xP

L♥ disse...

Os click's são fodidos.
Sabes o que penso, não preciso de dizer mais.
I'm here for everything, Maria <3

Anónimo disse...

Vi claro ;)
Eu morro a rir com este tipo de cromice LOOOL

beijo